quinta-feira, 16 de abril de 2009

RESSACA NO LITORAL DAS REGIÕES SUL E SUDESTE*

RESUMO
Sendo o Oceano Atlântico de incontestável importância p~
ra o Brasil e os diversos aspectos em que esta reside, a interação
oceano-atmosfera carece desta forma de estudos mais especificoso
Justifica-se assim o desenvolvimento do presente trabalho,
que visa oferecer alguma contribuição neste sentido, através do es
tudo da ressaca que se abateu sobre o litoral do Estado do Rio de
Janeiro no periodo de 08 a 16 de agosto de 1988.
I-INTRODUÇÃO
Ressacas são eventos de relativa frequencia no litoral S e SE
do Brasil, ocorrendo com maior frequênciano periodo compreendido entre
os meses de maio a setembro. A ressaca ocorrida em agosto de 1988
atingiu tal impacto, que despertou o interesse para o estudo do
processo meteorológico e fatores outros que contribuiram para o
grau de severidade alcançado pelo distúrbio.
O estudo tem como principais objetivos:
identificar a condição atmosférica cuja interação com
o oceano causou a ressaca em foco;
- apreciação quanto a participação do relevo submarino
como agente intencificador do processo e
- oferecer subsidios a estudos que venham a ser desenvol
vidos para a previsão de ocorrências de mesma natureza
na área mencionada.
lI-METODOLOGIA E FONTE DE DADOS
Foram utilizados dados sinóticos (00:00-12:00-18:002),
dados de radiossondagem (12:002) e fotos de satélites, fornecidos
pela DHN, pela TASA e .pelo INEMET (6º DISME).
Para identificação das condições sinóticas antes e duran
te o processo foram desenvolvidas análises de cartas sinóticas e
isobáricas a fim de ser quantificada a participação de parâmetros
520
forçantes do sistema para o período em questão, incluindo também
análises de fotos de satélites.
Foi observada a participação do relêvo submarino como a
gente intencificador do fenômeno. Tal procedimento se deu a partir
da carta isobatimétrica, elaborada pela DHN.
III-ANALISE DOS SISTEMAS SINÓTICOS
1) CONDIÇÕES BÁSICAS INICIAIS (12:00Z - 08/08/90)
A alta do atlântico Sul domina todo o Atlântico ate os
60'S oferecendo bloqueio a um sistema frontal, ondulado sobre o
Rio Grande do Sul e apresentando ciclogênese nas coordenadas 35'S
e 50'W. Anticiclone migratório polar sobre o litoral sul do continente
forçando o deslocamento do cavado frontal. (FIG. 1)
(FIG 1)

2) COMPORTAMENTO SINÓTICO A PARTIR DO ESTADO INICIAL BÁSICO
* (OO:OOZ - 09/08/1988)
Deslocamento da ondulação sobre o cavado frontal. Expanção
do anticiclone ao sul do continente forçando o deslocamento
do cavado frontal.
* (12:00Z - 09/08/1988)
Persistência das condições sinóticas sobre o Atlântico,
desenvolvimento do anticiclone sobre a Patagônia, com centro de - , pressao maxima de 1034 hPa sobre as coordenadas 35'S e 63'W.
Aprofundamento e intencificação da ciclogênese, apresentando pre~
são estimada inferior a 1.000 hPa, com vorticiadade de 0.00012 s2.

* (OO:OOZ - 10/08/1988)
Deslocamento frontal significante devido ao avanço do
anticiclone sobre o continente. Intencificanção do ciclone que
persiste sobre a área de ciclogênese.
* (12:00A - 10/08/1988)
Mantem~se a situação sinótica sobre o Atlântico. O an521
ticiclone apresenta-se bem instalado com valores centrais de pre~
são alcançando os 1030 hPa. (FIG 5)

... Desmonoramento do bloqueio imposto pela alta subtropical
do Atlântico, deslocamento do anticiclone migrador que domina
agora todo o litoral das regiões Sul e Sudeste com pressão elevada
(1030 hPa) em relação à normal climatológica. A baixa situase
agora ao longo do litoral do Estado do Espirito Santo. Podemos
notar tambem uma redução no que diz respeito aos valores do
campo de vorticidade para a regiao em estudo, conforme é
trado nas figuras a seguir.

IV-CONCLUSÃO
1) A geração do trem de ondas responsável pela ressaca
no litoral teve origem no ciclone extra-tropical localizado ao
largo do estuário do RIo da Prata com atividade a partir de 09/08
/1988.

2) A grande extenção de mar aberto oferecida para a tr~
jetória das ondas, proporcionou relevante contribuição por absorção
de energia, oferecida pelo escoamento persistente do vento so
bre o oceano, motivo da intensidade do embate das ondas sobre o
litoral.

3) A topografia do fundo do mar, caracterizada pela
Planicie Abissal Argentina (-5.000 m) com aclive a principio suave
em direção à costa com gradiente intensificando-se nas proximl
dades da plataforma continental, tal intensificação parece-nos
ter exercido vigoroso efeito dinâmico sobre as ondas que originaram
a ressaca.

4) A persistência em tempo e em espaço do sistema ciclô
nico gerador das ondas constituiu fator relevante no desenvolvimento
e na direção de propagação do evento.

5) As ondas geradas pelo sistema em deslocamento devem
ter gerado ondas de diferentes direções que somadas à Corrente do
Brasil em seu deslocamento para o sul causaram a intensificação
da tirbilência, aumentando assim a intensidade do fenômeno.

6) O campo de vorticidade, obtido através do método gr~
fico de Fjotorft, possibilitou-nos observar que a intensidade da
ressaca ocorrida foi proporcional aos valores de vorticidade dos
vórtices envolvidos.

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